Ponto Final, Parágrafo.

"A vida é uma peça de Teatro."

Esta analogia, sobreviveu ao longo do tempo devido não só à sua expressividade mas também pela sua grande acertividade no que diz respeito ao comportamento humano.
Se não queremos cair na pior das demonstrações de ignorância, a de proclamarmos como revolucionária uma ideia que foi descoberta à milhares de anos, é nossa obrigação conhecermos e reconhecermos o nosso passado. Outras ideias as há. Lições como a de Adão e Eva, o beijo de Judas, e toda a estante dos Clássicos da Literatura, são a prova que a natureza humana é indissociável de uma condição dramática.
Uma noção simples, mas creio que não seja simplista, sobre uma das faces da dramaturgia é a de que, se numa cena aparentemente banal, protagonizada como exemplo por dois actores sentados ao balcão de um qualquer bar, estiver ou vier a aparecer um terceiro elemento, por mais insignificante que ele possa parecer está carregado de uma elevada carga dramática e no fim, será determinante para o desenlace da história. Pode ser o plano de uma azeitona afogada em martini, pode ser uma faca esquecida pelo barman em cima do balcão no momento em que entra em cena uma loira nova por aquelas bandas, ou pode ser uma maçã indiscriminada entre tantas outras que, sem para isso ter feito qualquer esforço, tem dentro de si a culpa de uma espécie inteira. Estes elementos, juntamente com as restantes faces que compõe o universo dramático, formam um todo, um todo que vai ganhando forma através da tensão gerada pelo conflito entre duas forças extremamente voláteis. De um lado temos os Valores e a Ética, do outro os Desejos e a Vontade.
Nas grandes peças gregas, um dos temas mais caros aos dramaturgos e filósofos de então, girava em torno da construção do carácter das personagens. Ou seja, colocavam uma determinada personagem numa trama de acontecimentos sucessivos de "impossível" resolução, e, munindo-o unicamente com aquilo que nos distingue dos Deuses, o poder da Escolha, tornavam-no responsável por traçar o seu próprio rumo, onde as acções por ele escolhidas vão ditar o seu destino, resultando, ou na sua elevação a herói, ou na queda em sua desgraça...

Não é por acaso que foi dito que o Homem é o somatório das suas escolhas.

Se há valor que um pecador veterano como eu tem como inabalável é o da lealdade para com os meus, e quando esta certeza é atacada por algum figurante que contracena comigo, vejo-me na obrigação de ter que contornar o guião e tomar alguma atitude. O improviso é uma arte que para mim já tem barbas, e como tal sinto-me à vontade ao lidar com ele.
Contudo foi essencial para mim ter este desabafo. Numa altura em que a organização burocrática é alvo de críticas, é importante este regresso à génese dos princípios que serviram de base a esta República: verticalidade ética, lealdade e integridade, todas elas expressas em particular nas vossas tomadas de posição quanto a esta Cena.
Fica assim provado, de maneira inequívoca, que as pedras de fundação em que assentam todos os elementos estruturais deste complexo e exigente organismo ideológico, se encontram, de facto, no seu estado Mósmico inicial: sólidas e inabaláveis.

Depois de tudo ter sido dito e tudo ter sido feito, chegamos a uma simples conclusão:

"O comportamento é o espelho em que toda a gente mostra a sua imagem". Goethe

Johnny Walker aka "O Barbeiro de Sevilha"